quarta-feira, 8 de maio de 2024

A PÉSSIMA IMAGEM DO CENTRO DE SÚDE DE LANHESES

     

 


         Faz tempo que venho a reparar no estado de abandono a que está votado o arranjo exterior do Centro de Saúde de Lanheses. O espaço à volta das instalações está debaixo de uma selva compacta de alta erva, a qual, em alguns pontos, atinge os ramo das árvores mais baixos,  estas também a mostrar a carente falta de poda. Pior é ainda a constatável abundância de excrementos de cão, distribuídos na frente e ao longo do passeio à volta do recinto, exalando, por ação do calor do sol, um cheiro nauseabundo e uma visão a todos os títulos intolerável tendo em atenção o número e estado de saúde e idade dos utentes que no Centro procuram cuidados médicos.

       Não é de todo inadmissível que, ficando seca por ação da subida de temperatura a densa camada vegetal envolvente, esteja sujeita a ser incendiada por descuido ou ato de malvadez.

       Seja de quem for a responsabilidade (que em boa verdade desconheço a quem atribuir) de cuidar da limpeza e arranjo do espaço envolvente do Centro de Saúde, deve ser chamado à colação sem demora a entidade ompetente, atendendo ao constatável desmazelo de administração e às consequências perigosas em razão da saúde dos utentes.





 

Fotos e texto:

Remígio Costa 

       

     

      

      

segunda-feira, 6 de maio de 2024

CABRITO "À TIA NINA"

            

         


             Em alguns textos publicados neste blogue tenho vindo a evocar a preparação da carne de cabrito em Lanheses com a expressão "À TIA NINA". Certo é não haver já quem saiba a quem me refiro porque a pessoa que em vida era comummente trata por "Tia Nina" já há muito que não está entre nós e raros serão os que dela se recordam a não ser os seus muitos familiares próximos que fazem parte da nossa comunidade.

             O nome de batismo da "Tia Nina" é Maria da Clara e a casa da família onde residia é a primeira situada à direita do acesso à Capela de Santo Antão. Atualmente, reside lá família da sua descendência. 

            Então, por quê "Cabrito à Tia Nina"? 

            Eu era ainda miúdo com cinco ou seis anos e estava na festa com o meu pai. Na casa da Tia Nina, o coberto e a ampla eira em frente do lado sul estava pejada de gente, mais homens adultos que mulheres. No ar expandia-se um agradável cheiro a assado que vinha da cozinha onde, atarefada, a Tia Nina preparava o seu tradicional cabrito típico da festa, logo servido aos apreciadores no alpendre e dispersos pelo espaço da eira. 

            Bem servidos e bebidos de tinto verde carrascão choviam sobre a Tia Nina os elogios ao saboroso pitéu gabando a sua experiência e sabedoria na arte da culinária tradicional caseira.

            Passados que estão tantos anos sobre este repasto a que assisti ainda criança, surpreendo-me a mim próprio por ainda o manter vivo na memória desgastada.

            Cabrito "À Tia Nina" ou idêntica expressão, ninguém diga que em Lanheses não há cabrito do bom.


             Remígio Costa

          

 

          


domingo, 5 de maio de 2024

"BELLE EPOQUE" NA FESTA DE SANTO ANTÃO ABADE


         É a única foto do meu álbum de recordações obtida na festa em honra de Santo Antão;  não tem inscrita a data e de memória não consigo lembrar-me do ano exato em que foi obtida; contudo, calculo ter sido ainda antes do serviço militar obrigatório que cumpri a partir de abril de 1957. Aponto para o ano de 1952 ou 1953.

        De quem se trata? Vejamos, da esquerda para a direita:

                 - Rosa Vale 

                 - Artur Vale (primo da Rosa Vale)

                 - Moça de Lanheses de quem não recordo o nome

                 - Maria de Fátima Vale, irmã da Rosa Vale, que viria a ser minha esposa

                 - Eu, Remígio, último à direita.


        E esta, hein!?

Remígio Costa

 

sábado, 4 de maio de 2024

ONTEM E HOJE DA FESTA EM HONRA DE SANTO ANTÃO

        

       

                                                  2024
         Há uma diferença irreparável entre o que foi e agora não é na essência da festa em honra de Santo Antão corporizada na benção dos animais domésticos. Escasseiam as espécies e são já raros ou quiçá mesmo inexistentes aqueles que os lavradores deles careciam para os serviços da lavoura e produção de leite, reprodução e venda para consumo. A lavoura é agora mecanizada dispensando o recurso a animais bovinos e equinos, principalmente, e as pessoas que dela dependiam, beneficiando do progresso da sociedade decorrente do surto emigratório a partir dos anos cinquenta, que enveredaram pela habilitação académica, empregos administrativos ou fabris, empreendedorismo e ofícios selecionados e, necessariamente a emigração para várias partes do mundo. E a vida das famílias da freguesia deu uma volta de 360º graus.

       Sem animais, a benção do orago Santo Antão e a preleção do orador sacro no decorrer da cerimónia religiosa, apenas alcança atualmente os racionais que aderem à festividade. 

       Até meados do século passado a participação nos festejos dos animais e dos seus tratadores constituía a verdadeira razão da homenagem ao admirado Santo e o genuíno folclore que lhe dava cor, alegria e o cumprimento da missão que a festa carecia. De todos os lugares da freguesia e de outros pontos da periferia, desfilavam a caminho de Santo Antão, em grupos ou isolados conduzidos à soga pelos donos ou tratadores, vestidas a preceito as moças, os animais enfeitados, escovados e com as hastes a brilharem do azeite untado, entoando canções do folclore regional ao som das concertinas dos tocadores fardados a preceito. Preenchiam o alargado recinto depois das voltas obrigatórias à capela do Orago, aguardando a palavra do sacerdote e a correspondente benção que finalizava o ato retirando-se para regresso à origem com a alegria da missão cumprida. 

        A festa continuava em cumprimento do programa com o concerto da banda de música no coreto montado debaixo de um árvore rente à estrada (ainda lá está) e do começo do recinto, onde também decorria a arrematação dos cestos das mordomas com as oferendas variadas, nomeadamente, as comestíveis e as bebidas, que os arrematantes (felizes por serem os licitadores na disputa renhida com um irritante adversário...), sendo ali consumidos a seguir em convívio com a namorada, pessoa da família e demais amigos.

       Ia a noite alta e o fogo de artifício dava por concluída  a festa em Honra de Santo Antão Abade, e um mordomo da festa a quem era dado um foguete, acompanhava, chieirento,  de volta a casa,  a namorada onde o foguete subia ao ar a dar por finda a festa.

      Remígio Costa


fotos: Remígio Costa


      

quinta-feira, 2 de maio de 2024

GOSTAS DE FRANCESINHAS?

 


GOSTAS DE FRANCESINHAS?

 

 

Não há como a francesinha

P’ra acalmar o apetite,

É gostosa, bonitinha,

E não fui só eu que disse.

 

Há tempo que procurava

Onde melhor haveria.

Na Invicta não faltava,

À porta faziam fila.

 

Em Viana já provara

Mas nem sempre apreciei;

Um punha, outro largava,

Deixava a meio, fartei.

 

Talvez em Ponte de Lima

Me pudesse orientar,

Abunda a boa cozinha

Era bom experimentar

 

Eureka!, pronto escolhi

Ao ver a casa Da Vila

Entrei p’ra logo a seguir

Ter no prato o que queria.

 

 

 

 

Uma bolinha redonda

Com o molho ao redor

E batatinhas na onda

No topo um ovo flor.

 

A gostosa francesinha

Não dispensa companhia:

Requer cerveja fresquinha

Meia dose é bem bebida.

 

Pronto!

Se gostas de francesinhas

Dispensa lá as sardinhas.

Ponto!

 

Remígio Costa

O (NOVO) AMOLADOR


 

                       É uma viagem ao passado. Uma figura que não se apaga da memória (ainda) viva do tempo  vivido.

                  O AMOLADOR que passava na estrada com a oficina do ofício  montada numa bicicleta a soltar um sílvo de um instrumento bocal audível à distância seguido do slogan "amolam-se tesouras e navalhas"., "conserto panelas e tigelas". 

                  Parava porta a porta, preparava os instrumentos e a roda de esmeril movida com os pés para afiar facas e navalhas e preparava os agrafes e a massa de colagem para soldar pratos e malgas. Satisfeito o freguês, montava a "oficina" e voltava à prática do silvo e do slogan seguindo pausadamente  à procura de novo serviço.

                  Deparei com um amolador na Vila de Ponte de Lima seguindo um grupo de turistas espanhóis no Passeio 25 de abril. Surpreendido e curioso, quase tudo correspondia aos resquícios da memória da figura do passado: bicicleta oficina, o instrumento bocal, a roda de afiar, como meios essenciais, mas, inequivocamente, substancialmente diferentes na modernidade das máquinas e na imagem e estilo do amolador. 

                  Pudera! Quem ficou no passado, mumificou. Quem se atualizou, rejuvenesceu. 

                  "Afio tesouras e navalhas" "conserto panelas e tigelas"

                  Hoje, como ontem, no slogan.

Foto e texto: Remígio Costa

                 

   

quarta-feira, 1 de maio de 2024

"AS MAIAS ou OS MAIOS" E AS GIESTAS NO COMEÇO DE MAIO

          

         


         É um costume popular que ainda resiste à progressiva e inexorável extinção, sobretudo nos meios rurais onde as tradições se guardam e praticam nas sucessivas gerações. É o caso do 1º. de maio que antes de ser o Dia do Trabalhador foi, e ainda é, uma celebração com origem cristã baseada na chacina das crianças com menos de dois anos ordenada em Belém pelo Rei Herodes.

           Há (ainda) em Lanheses um número significativo de lares onde o costume da colocação de enfeites nas portas, janelas, sacadas, entradas, portões ou mesmo viaturas, de ramos de giestas ou coroas de flores se mantem, seja por crença ou costume. Numa rápida e incompleta visita feita hoje pela quase totalidade dos lugares da freguesia, é constatável que uma boa parte dos domicílios habitados repetem a prova de perdurar a permanência da tradição.

           Atente-se no texto que abaixo transcrevo retirado da wikipédia:

            "Que o mal não entre! As maias que abençoam o maduro mês de Maio"

"Em Vila Nova de Cerveira, organizam-se “As Maias” (de 28 de Abril a 1 de Maio). Não muito longe, em Ponte de Lima, são “Os Maios”. Em Tinalhas (Castelo Branco), a 1 de Maio sai à rua o “Maio Menino” e em Olhão, os maios. E há outros locais no país onde se organizam iniciativas mais ou menos semelhantes — é uma nova forma de fazer continuar uma tradição tão antiga e tão disseminada que é impossível determinar-lhe uma origem única: colocar ramos de giestas (maias) à porta de casa até à meia-noite do dia 30 de Abril para que o “maio”, “carrapato” ou “burro”, que é como quem diz, o mal, não entre."


               Vejam, e julguem, através das fotografias obtidas hoje nos lugares mais povoados da feguesia de Lanheses, Viana do Castelo:
































Remígio Costa 

Fotos e texto

A PÉSSIMA IMAGEM DO CENTRO DE SÚDE DE LANHESES

                  Faz tempo que venho a reparar no estado de abandono a que está votado o arranjo exterior do Centro de Saúde de Lanheses. O...